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NOSSA ALIMENTAÇÃO

          Certa vez fiz um curso de culinária chinesa. Ao final de cada aula, o professor nos deixava experimentar um pouquinho dos pratos feitos naquele dia. Eram muitos alunos. A maioria composta por mulheres ávidas em aprender os macetes de uma cozinha muito diferente da nossa ocidental. A comida ficava tão saborosa que, não raro, alguém reclamava que queria mais e não tinha para repetir, porque a quantidade preparada era exatamente limitada a uma prova por pessoa. Não estávamos ali para jantar e sim para aprender a cozinhar uma receita exótica, analisar os ingredientes e ter um gostinho do resultado final.
         O chinês costumava rir das nossas queixas e chegou a comentar que o brasileiro, bem como todo o povo ocidental, come demais. Os alunos reagiram na mesma hora alegando que comiam bastante porque sentiam fome e, muitas vezes, pelo excesso de trabalho, passavam muitas horas sem uma alimentação adequada. Ao que o professor rebateu com uma teoria que jamais nos passara pela cabeça. Fez uma comparação entre o jeito de comer do ocidental e o do oriental. Os ocidentais parecem estar sempre com fome e quase sempre, são obesos.       Por outro lado, os orientais passam uma imagem de que têm um apetite muito diminuto e, por isso mesmo, são esbeltos e mais saudáveis. A explicação que nos deu para essa diferença no comportamento de um e de outro está, basicamente, no tempero. Eles comem um pouco de arroz ou massa, uma salada, uma porção de peixe ou carne de porco e já ficam satisfeitos porque na sua cumbuca a comida fica nadando em alho, pimenta, molho shoyu, cúrcuma, páprica, gengibre, cominho, coentro e outros.

          Na verdade, não é um prato cheio de comida que mata a fome e sim a quantidade certa de tempero que é colocada no alimento servido. Um prato pequeno, mas bem temperado satisfaz mais rapidamente do que um prato carregado em forma de montanha e sem tempero algum. Quem come uma comida bem temperada é capaz de resistir o dia todo sem fome alguma, ingerindo apenas líquidos ou fazendo refeições frugais ao anoitecer. Em compensação, quem não tem o hábito de usar temperos nos seus preparos culinários, sente a necessidade de passar o dia inteiro beliscando e acaba perdendo a noção da quantidade de alimentos que ingere durante o dia. É claro que, se a pessoa sofre de pressão alta, deve ter cautela no uso dos temperos porque eles elevam a pressão arterial. Além do que são afrodisíacos.

          Sendo assim, se a pessoa puder colocar os temperos orientais em sua alimentação de forma correta, não precisará contar quantas colheres de arroz, conchas de feijão e folhas de alface estão no seu prato porque tudo se tornará tão natural que, automaticamente, em pouco tempo, aprenderá a se satisfazer com o necessário, ganhando mais saúde e autoestima.

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